O tratamento da variação dos demonstrativos em Espanhol e em Português: uma análise normativa

Resumo

Este estudo compara os usos dos demonstrativos conforme descritos por gramáticas de língua portuguesa (este, esse, aquele) e de língua espanhola (este, ese, aquel), para identificar o tratamento variacionista no uso dessas formas. O interesse decorre da redução no sistema ternário dos demonstrativos, observável em ambas as línguas. No português, nota-se uma neutralização de esse e este, tornando-os formas variáveis que se opõem a aquele-referente ao que não está no domínio da 1ª e 2ª pessoas. No espanhol, por sua vez, observa-se a existência de duas normas: (i) ese encaixa-se no campo funcional de aquel, estabelecendo uma variável que se opõe a “este”-o que está no domínio da 1ª e 2ª pessoas; (ii) ese encaixa-se no campo funcional de este, estabelecendo uma variável que se opõe a aquel-o que não está no domínio da 1ª e 2ª pessoas, a exemplo do que ocorre em português. Diante dessas particularidades, espera-se, com este trabalho, entender (i) como as gramáticas de ambas as línguas descrevem o uso dos demonstrativos, (ii) identificar pontos de semelhança e diferença entre essas línguas, (iii) analisar como é contemplada a variação no uso dessas formas no registro gramatical. Para tais análises, serão consultadas, entre outras, as gramáticas de Pasquale e Infante (que mesmo apresentando no geral uma postura normativa, foi possível identificar uma atenção à variação no uso dos demonstrativos em algumas obras, tais como Bagno (2012, 2013), Bosque e Demonte (1999) e RAE (2010).