Este trabalho tem como objetivo investigar a produção gramatical francesa, com
ênfase na participação feminina e nos agentes envolvidos ao longo dos séculos. O estudo se
baseia na análise de um corpus de manuais de gramática coletados em bibliotecas universitárias
francófonas, visando descrever quais foram os principais autores e obras que moldaram a
gramaticografia francesa. A metodologia inclui a criação de um corpus documental com
gramáticas de autoria masculina e feminina. Cada século é analisado em seu contexto histórico
e linguístico, destacando influências internas e externas à produção gramatical. Ao longo da
pesquisa, investigam-se os centros de produção gramatical e as correntes ideológicas que
orientaram a formulação das normas linguísticas. A análise indica que a gramática francesa,
além de ser um sistema de regras, atuou como instrumento de controle social e de imposição de
valores linguísticos e culturais, consolidando a hegemonia masculina nesse campo.
Identificamos uma participação feminina marginalizada, especialmente até o século XIX, com
mudanças significativas apenas no século XX, quando surgem esforços mais evidentes para
revisar e democratizar o acesso à produção gramatical. Assim, pretendemos demonstrar que a
gramaticografia francesa é um reflexo das tensões sociais, políticas e culturais de cada época e
que o estudo de sua história revela importantes interseções entre linguagem, poder e gênero.
Este trabalho contribui para uma visão mais inclusiva e crítica da história gramatical francesa,
evidenciando a necessidade de revisão e transformação das normas vigentes.