Nas sociedades que têm sido submetidas a um considerável processo de fixação das normas linguísticas de prestígio, os falantes tendem a desenvolver noções sobre as formas corretas ou incorretas, distribuídas na dicotomia cultural certo vs. errado. As origens dessa dicotomia se encontram, portanto, em processos e fenômenos mais amplos de regulação social, distribuição desigual dos bens culturais e econômicos, controle do poder político por grupos sociais determinados. Do ponto de vista estritamente linguístico, qualquer produção verbal é bem construída, obedece às regras da gramática da variedade linguística em que foi enunciada e o máximo que se pode alegar é que se trata de uma forma diferente de dizer a mesma coisa e é precisamente sobre tal argumento que se ergueu todo o estudo da variação linguística, espinha dorsal da sociolinguística. (BAGNO, 2017, p.67).
BAGNO, Marcos. Dicionário crítico de sociolinguística. São Paulo: Parábola, 2017.